Não resta dúvida de que a vaidade é intrínseca a conduta do homem e, influencia a sua vida de forma positiva ou negativa. Nas carreiras policiais, principalmente a dos servidores penitenciários, ela é avassaladora, extremamente dominante. O sentimento vaidoso, que as vezes mistura-se a outras percepções como soberba e inveja, está presente no cotidiano das atividades dos trabalhadores prisionais, fomentando atitudes ridículas, intolerantes e conflitantes.
A vaidade não é privilégio do menor poder econômico, nível hierárquico, credo, raça, ou de qualquer espécie de conceitos e preconceitos. Alguns tentam negar, outros preferem se colocar sob a égide da suposta razão principal, é tudo em nome da defesa da categoria. Muitos são os exemplos que demonstram o apego exacerbado da vaidade nas ações dos profissionais penitenciários. Houve um caso em que um ex-diretor da Superintendência de assuntos penais declarou em uma audiência com os agentes penitenciários do Presídio de Salvador nos idos de 1990: "Não é preciso remunerar os coordenadores de equipe, porque eles brigam para serem <chefes>". Qual seria o motivo que levaria um trabalhador exercer uma função de extrema responsabilidade sem a contrapartida remuneratória pelo cargo ocupado? A resposta talvez seja simples. Ele busca se sentir superior, o que vem depois, benefícios pessoais, suposta valorização funcional, são apenas consequência secundárias. A ação da vaidade torna-se ainda mais grave quando afeta servidores penitenciários que exercem cargos de gestão. Na função mandatária tentam se sobrepor aos demais colegas de classe em pequenos gestos ou até mesmo quando se sentem com a autoridade ameaçada. O fardamento que simboliza e personaliza uma categoria profissional deveria servir de orgulho a sua utilização. Para estes servidores gestores, usar o uniforme seria uma forma de demonstrar igualdade com os demais, e isto fere o seu ego. Foi estabelecida uma nova ordem, quem não rezar na cartilha sofrerá sanções. A prática mais comum é a apresentação do agente para outra unidade. Estas atitudes são maneiras de demonstrar superioridade, demarcar território, como se afirmassem: neste local, eu mando. Evidente sintoma da vaidade.
Emergiu no seio da categoria nos últimos anos uma nova sub-classe de servidores penitenciários: Os ex - gestores. Os agentes penitenciários que, por motivos diversos, foram exonerados dos cargos temporários. Falar em voltar a exercer a sua atividade fim, é o mesmo que os condená-lo a morte. Passam a trabalhar em desvio de função em qualquer atividade administrativa. O que importa para estes servidores penitenciários é a manutenção do status. Diagnóstico claro da vaidade.
Pode parecer paradoxal, mas, a vaidade deve ser entendida como importante na profissão de qualquer trabalhador, e isto o mantém motivado e producente. O tipo de vaidade que deve ser evitado e combatido é o que enfraque as relações produtivas do trabalho. A vaidade exagerada ou negativa. Precisamos internalizar o sentimento de nos respeitamos mutuamente, e nos conscientizarmos que fazemos parte de uma engrenagem em que todos tem a mesma importância.