Prisão do futuro integraria escola e detenção, diz Harvard
São Paulo – Quando alguém comete um crime, espera-se que seja julgado e punido.
Ele pode passar alguns anos na cadeia. Depois disso, é solto e volta à sociedade.
Ele pode passar alguns anos na cadeia. Depois disso, é solto e volta à sociedade.
Com certeza, ele não voltará a cometer mais crimes e terá se tornado uma pessoa melhor.
Certo?
Certo?
Sabemos que a resposta é não. Com prisõessuperlotadas, precárias e violentas, em muitos
casos o preso sai pior do que entrou e volta a cometer um crime.
casos o preso sai pior do que entrou e volta a cometer um crime.
Como resolver esse problema da estrutura prisional, que pode piorar a situação em vez de
melhorá-la?
melhorá-la?
Pensando justamente nessas questões, o americano Glen Santayana, um estudante
de pós-graduação em Arquitetura na Universidade Harvard, criou um projeto de prisão
futurista e inovadora que pode garantir 100% de reabilitação dos presos.
de pós-graduação em Arquitetura na Universidade Harvard, criou um projeto de prisão
futurista e inovadora que pode garantir 100% de reabilitação dos presos.
Batizada de PriSchool, seria uma prisão com design inovador – muito menos opressiva e
sombria – e que estaria integrada à sociedade ao redor, não isolada feita um feudo fortificado.
sombria – e que estaria integrada à sociedade ao redor, não isolada feita um feudo fortificado.
Junto à cadeia, estaria uma escola de criminologia e justiça criminal, frequentada por
estudantes e presos. O convívio entre eles seria facilitado e incentivado.
estudantes e presos. O convívio entre eles seria facilitado e incentivado.
Ainda haveria um centro comunitário, integrando detentos e comunidade. Santayana criou o
projeto localizando a PriSchool no bairro do Brooklyn, em Nova York.
projeto localizando a PriSchool no bairro do Brooklyn, em Nova York.
Ele acredita que essa nova arquitetura do cárcere, aliada à educação, pode combater os
problemas americanos de segurança e sistema prisional.
problemas americanos de segurança e sistema prisional.
Nos Estados Unidos, onde há a maior população carcerária do planeta (o Brasil está em
quarto lugar), 67% dos detentos libertos voltam a ser presos em menos de 3 anos. Além
disso, 68% não tem diploma do ensino médio.
quarto lugar), 67% dos detentos libertos voltam a ser presos em menos de 3 anos. Além
disso, 68% não tem diploma do ensino médio.
Leia a entrevista que Glen Santayana concedeu a EXAME.com e um vídeo que
mostra o projeto no final da matéria:
mostra o projeto no final da matéria:
EXAME.com: Como surgiu a ideia da PriSchool? Por que decidiu apresentar
esse projeto em Harvard?
esse projeto em Harvard?
Glen Santayana: Originalmente, seria apenas o projeto de uma prisão. Depois,
conversando com alguns professores, transformamos isso em um híbrido entre escola e
prisão que foca a reabilitação do preso.
conversando com alguns professores, transformamos isso em um híbrido entre escola e
prisão que foca a reabilitação do preso.
EXAME.com: Quais aspectos da PriSchool são benéficos para os detentos?
Glen Santayana: O que faz da PriSchool uma prisão diferente é que ela se baseia em
quatro programas: uma escola de criminologia e justiça criminal, a prisão em si, uma área
de “pré-liberdade” e um centro comunitário.
quatro programas: uma escola de criminologia e justiça criminal, a prisão em si, uma área
de “pré-liberdade” e um centro comunitário.
Na escola, a interação entre os alunos e os detentos seria incentivada e facilitada. Isso
ajudaria a criar senso de responsabilidade em todos.
ajudaria a criar senso de responsabilidade em todos.
EXAME.com: Ela seria muito cara de se construir e manter?
Glen Santayana: Como ainda é um projeto acadêmico, não dei prioridade ao cálculo
da construção e das operações. Não sei precisar o valor.
da construção e das operações. Não sei precisar o valor.
Estou concentrando esforços em pesquisar o universo das cadeias e das escolas e traçar
paralelos. Em ambos há um sistema de vigilância, segurança, disciplina. Tudo isso reflete no
modo como prédios e escolas são construídos.
paralelos. Em ambos há um sistema de vigilância, segurança, disciplina. Tudo isso reflete no
modo como prédios e escolas são construídos.
EXAME.com: A PriSchool pode funcionar em qualquer país? A realidade das
prisões brasileiras é diferente da realidade americana, por exemplo.
prisões brasileiras é diferente da realidade americana, por exemplo.
Glen Santayana: Eu defendo que a PriSchool pode funcionar em qualquer país. Isso
não quer dizer que, necessariamente, ela seria construída do mesmo modo. Cada contexto social, histórico e econômico teria influência no projeto final.
não quer dizer que, necessariamente, ela seria construída do mesmo modo. Cada contexto social, histórico e econômico teria influência no projeto final.
EXAME.com: Quais os maiores problemas das prisões americanas atualmente?
Glen Santayana: Há uma série de questões que pesquisei, mas foquei em dois
grandes problemas: a superlotação e a reintegração dos presos na sociedade depois de
cumprirem a pena. A culpa da superlotação é, em parte, do alto índice de reincidência.
grandes problemas: a superlotação e a reintegração dos presos na sociedade depois de
cumprirem a pena. A culpa da superlotação é, em parte, do alto índice de reincidência.
EXAME.com: Alguém já demostrou interesse pelo projeto? Algum governo, por
exemplo?
exemplo?
Muitas pessoas já se interessaram em apoiar o projeto, incluindo uma fundação chamada The
Reset Foundation, que está dedicada no mesmo propósito que a PriSchool: criar um modelo alternativo para o sistema carcerário, com foco em educação.
Reset Foundation, que está dedicada no mesmo propósito que a PriSchool: criar um modelo alternativo para o sistema carcerário, com foco em educação.
FONTE: REVISTA EXAME
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