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terça-feira, 25 de junho de 2013

O dia-dia do trabalho do agente penitenciário na Bahia I



Ser agente penitenciário na Bahia é tarefa árdua e frustante. Árdua porque não é fácil trabalhar com um público que nunca obedeceu regras e normas de condutas sociais. Frustante, porque mesmo com todo o esforço e dedicação, o agente penitenciário, profissional este que Garante o sono tranquilo da sociedade, mantendo encarcerado crmininosos de toda natureza, não recebe o minímo de apoio e reconhecimento da importância de suas atividades como profissão integrante das carreiras de defesa social. Ao contrário, só é lembrado quando o governo, ao se eximir da responsabilidade da falta de investimento no setor prisional, transfere para esta categoria de servidor público a culpa pelas mazelas. Abaixo faço um resumo da estressante tarefa diária de um agente penitenciário no exercício de sua profissão na Bahia:
O agente penitenciário, que é visto pelo detento como um "alemão", inimigo, policial, acorda às 04:30 h de sua humilde residência em bairros periféricos com maior incidência de criminalidade, dirigindo-se ao trabalho disputando um espaço no transporte coletivo de massa com a comunidade. Às 06:30 h chega a unidade prisional em que é lotado e vai se preparar para assumir o serviço. Vai a um armário enferrujado, neste momento observa que o alojamento está todo inundado em decorrência das fortes chuvas, e retira uma camisa preta que serve de uniforme. A camisa já está praticamente desbotada, mas não tem importÂncia, pois custou-lhe míseros R$ 20,00. Procura por um apito, nota que do objeto só restou o cordão, o último apito foi dado pela secretaria já faz 13 anos. Ás 07:00h assume o plantão substituindo seu colega no posto de serviço. Neste momento, pergunta ao colega como tá a cadeia? A resposta vem de imediato: Rapaz, tá bravo. A cadeia tá tensa, o clima tá pesado. Os couros de rato tá andando pelos cantos. Um dos agentes, tido por coordenador de equipe, já que nada recebe para tal, fica encarregado de distribuir os demais colegas nos postos. O agente que vai para o posto do gradeado, reclama da cadeira que já não tem assento, ouve como resposta:”segura, aí”. Um apenado se aproxima e fala: “Seu funcionário, essa casa tá demais, tem muita gente doente aqui e nunca tem médico na casa! Responde o agente penitenciário: Tenha calma, faça uma lista de quem tá precisando de atendimento, me passe, que eu vou entregar a chefia. Retruca o interno: “Colé, Seu funcionário, eu mesmo já entreguei umas três lista e nada.
Um outro preso se aproxima e brada: “Prezado, hoje eu não vou me trancar. Minha cadeia tá tirada. Responde o agente: Tenha calma. Me passa o seu nome completo que eu vou entregar para a chefia. Retruca o preso: “Prezado, não é querendo desfazer da sua palavra, não. Mas, eu já tô de saco cheio desta estória. Já passei meu nome para dez 10 guardas.
Nem ao menos teve tempo de dar atenção aos primeiros presos reclamantes, quando chegou outro apenado todo ensaguentado, pedindo socorro. Seu Guarda, não, vai abrir o portão, não, é? Vai esperar eu morrer, é? O agente, de forma prudente, manda que os demais internos se afastem e vai pedir suporte aos seus colegas. Mais dois agentes entram em auxílio ao colega, momento em que o chefe da equipe fecha o portão de emergência. Os agentes passam o preso que pediu socorro para dentro da eclusa, para em seguida encaminharem-no a enfermaria. O chefe interfona para o Chefe de Segurança pedindo o deslocamento do “caveirão”para fazer a condução do preso até a enfermaria. Responde o chefe de Segurança: “Vai ter que vir andando, pois, falta oléo díesel no camburão...

Na próxima edição:

Odia-dia do trabalho do agente penitenciário na Bahia II

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