Ser
agente penitenciário na Bahia é tarefa árdua e frustante. Árdua
porque não é fácil trabalhar com um público que nunca obedeceu
regras e normas de condutas sociais. Frustante, porque mesmo com todo
o esforço e dedicação, o agente penitenciário, profissional este
que Garante o sono tranquilo da sociedade, mantendo encarcerado
crmininosos de toda natureza, não recebe o minímo de apoio e
reconhecimento da importância de suas atividades como profissão
integrante das carreiras de defesa social. Ao contrário, só é
lembrado quando o governo, ao se eximir da responsabilidade da falta
de investimento no setor prisional, transfere para esta categoria de
servidor público a culpa pelas mazelas. Abaixo faço um
resumo da estressante tarefa diária de um agente penitenciário no exercício de
sua profissão na Bahia:
O
agente penitenciário, que é visto pelo detento como um "alemão", inimigo, policial,
acorda às 04:30 h de sua humilde residência em bairros periféricos
com maior incidência de criminalidade, dirigindo-se ao trabalho
disputando um espaço no transporte coletivo de massa com a
comunidade. Às 06:30 h chega a unidade prisional em que é lotado e
vai se preparar para assumir o serviço. Vai a um armário
enferrujado, neste momento observa que o alojamento está todo
inundado em decorrência das fortes chuvas, e retira uma camisa preta
que serve de uniforme. A camisa já está praticamente desbotada, mas
não tem importÂncia, pois custou-lhe míseros R$ 20,00. Procura por
um apito, nota que do objeto só restou o cordão, o último apito
foi dado pela secretaria já faz 13 anos. Ás 07:00h assume o plantão
substituindo seu colega no posto de serviço. Neste momento, pergunta
ao colega como tá a cadeia? A resposta vem de imediato: Rapaz, tá
bravo. A cadeia tá tensa, o clima tá pesado. Os couros de rato tá
andando pelos cantos. Um dos agentes, tido por coordenador de
equipe, já que nada recebe para tal, fica encarregado de distribuir
os demais colegas nos postos. O agente que vai para o posto do
gradeado, reclama da cadeira que já não tem assento, ouve como
resposta:”segura, aí”. Um apenado se aproxima e fala: “Seu
funcionário, essa casa tá demais, tem muita gente doente aqui e
nunca tem médico na casa! Responde o agente penitenciário: Tenha
calma, faça uma lista de quem tá precisando de atendimento, me
passe, que eu vou entregar a chefia. Retruca o interno: “Colé, Seu
funcionário, eu mesmo já entreguei umas três lista e nada.
Um
outro preso se aproxima e brada: “Prezado, hoje eu não vou me
trancar. Minha cadeia tá tirada. Responde o agente: Tenha calma. Me
passa o seu nome completo que eu vou entregar para a chefia. Retruca
o preso: “Prezado, não é querendo desfazer da sua palavra, não.
Mas, eu já tô de saco cheio desta estória. Já passei meu nome
para dez 10 guardas.
Nem
ao menos teve tempo de dar atenção aos primeiros presos
reclamantes, quando chegou outro apenado todo ensaguentado, pedindo
socorro. Seu Guarda, não, vai abrir o portão, não, é? Vai esperar
eu morrer, é? O agente, de forma prudente, manda que os demais
internos se afastem e vai pedir suporte aos seus colegas. Mais dois
agentes entram em auxílio ao colega, momento em que o chefe da
equipe fecha o portão de emergência. Os agentes passam o preso que
pediu socorro para dentro da eclusa, para em seguida encaminharem-no
a enfermaria. O chefe interfona para o Chefe de Segurança pedindo o
deslocamento do “caveirão”para fazer a condução do preso até
a enfermaria. Responde o chefe de Segurança: “Vai ter que vir
andando, pois, falta oléo díesel no camburão...
Na
próxima edição:
Odia-dia
do trabalho do agente penitenciário na Bahia II
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