Foram fechados nesta segunda-feira (20) os buracos na tela do Instituto Penal de Viamão(IPV), na Região Metropolitana de Porto Alegre. No domingo (19), o Fantástico mostrou imagens que demonstram a facilidade com que presos saem e retornam para a casa prisional, a maior do regime semiaberto no Rio Grande do Sul, com 278 detentos.
No dia seguinte à veiculação da reportagem, as aberturas na tela de arame, por onde os detentos deixavam o albergue, foram remendadas com arame farpado. No entanto, um portão improvisado segue servindo de rota para a fuga. Também foi apreendida uma escada de madeira que seria usada pelos detentos para chegar ao pátio.
Uma escada semelhante aparece em um vídeo gravado por um agente penitenciário no ano passado (veja ao lado). Nas imagens, apenados deixam o local com toucas ninja e armas e retornam pouco tempo depois com sacolas cheias. São drogas, segundo a polícia.
Uma jovem, que prefere não se identificar, conta que passou três dias se prostituindo na penitenciária. Ela disse que não teve problemas para entrar ou sair e confirmou que viu armas e drogas no IPV. “Eu sei que tem quantidades absurdas de drogas. Armas, tudo que é arma que tu imagina, lá dentro tem, e eu já vi”, disse a mulher.
Em janeiro, a Polícia Civil encontrou 16 armas e cinco quilos de drogas no presídio. Uma escuta mostra a quem ponto chega a audácia dos presos. Um deles diz que pretende plantar maconha atrás do complexo. “Eu vou plantar ‘pra’ ganhar dinheiro”, diz o detento. “Deus que me perdoe. Tá louco...”, ri a interlocutora. “Amanhã, eu e o pai ‘vamo’ sair atrás da muda de maconha”, acrescenta o preso.
Trezentos e três celulares também foram apreendidos no IPV. Um taxista, que prefere não ser identificado, afirma que recebe ligações de apenados para pedir táxis. “Inclusive eles têm o número dos pontos. Eles ligam para pedir táxi para parente. Chamam táxi lá para sair, para poder sair. E não tem hora, né”, afirma o motorista.
Segundo a polícia, a facilidade para se comunicar, conseguir armas e deixar a casa prisional aumenta os índices de crimes na região. “Só neste ano, de janeiro pra cá, já tivemos 20veículos recuperados no entorno do IPV", conta o comandante da Brigada Militar de Viamão, tenente-coronel Marcelo Giusti.
A juíza Liliane Michels Ortiz, que cuida do processo da investigação sobre o IPV, concorda. “São inúmeros os processos em que a gente tem essa notícia de pessoas que praticaram os fatos estando, na verdade, dentro do sistema. Quer dizer, eles estão usando o sistema como álibi pro cometimento de crimes”, diz ela.
O superintendente de Serviços Penitenciários, responsável pelos presídios gaúchos, afirmou que não tem como fechar o IPV antes da construção de outras penitenciárias. “Nós estamos trabalhando, sim. Nós estamos em projeto de construção de quatro casas, com capacidade para 150” presos”, afirma Gelson Treiesleben. O secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels, disse que ainda não vai se manifestar sobre o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário aqui! Ele é muito importante para nós.